O poder da imagem

de Wolfgang Hock

O problema principal hoje me parece neste contexto que a imagem da lente da fotografia com sua tridimensionalidade aparente domina totalmente nossa realidade ótica (TV 24 horas, home vídeo, propaganda de fotos gigantescas nos edifícios, cinema digital, Internet, revistas com fotos coloridas brilhantes etc.) e por isso as pessoas de novo – ou sempre ainda – se confundem:

Eles trocam isto com a realidade; para eles isto que se vê na sua tela de plasma é mais real do que a realidade mesmo, eles percebem o mundo somente através desta ótica, mas não percebem o médium que foi usado, que entrega eles à uma lavagem cerebral permanente, com o resultado que a sua imagem da realidade não é mais deles mesmo.

Fotografia, vídeo, filme e televisão estão sendo reconhecidos como reais.

Este é o problema porque o mundo não é igual a uma imagem de uma fotografia, tanto faz fotografia análoga ou digital, cada vez a determinada mídia muda a imagem de forma diferente (muitas pessoas acham que antes eles eram mais bonitas, mas isto é um efeito da nova fotografia digital que retrata diferente). 

Maior a tela, o efeito tridimensional, a nitidez da imagem, a perfeição ótica, mais autenticidade e verdade se supõe, mais as pessoas acreditam que se trata da realidade mesmo que está a vê aí.

As pessoas ficam permanentemente atropeladas literalmente pelas novidades técnicas, sem chance de processar isto emocionalmente.

A fascinação do sempre novo e melhor impulsiona esta confusão sempre mais.

Isto tudo são processos automáticas e inconscientes que não são percebidos pela grande maioria. Isto tem haver com influencia, poder, política e controle. A manipulação visual das grandes massas era sempre mais forte do que através de outras mídias (por exemplo a palavra).

Este estreitamento à um ponto de vista de ver as coisas, eu sinto como extremamente brutal e desumano, como uma prisão. 

Violentar a consciência, é pior do que do que matar um ser humano cruelmente. Pois a negação da própria forma de ver destrói a alma.(*

Principalmente sistemas autoritários sabem usar isto muito bem para seus interesses.

A igreja usou isto por mais de um milênio com muito sucesso (mesmo que ela fala sempre do poder da palavra ...).

Mesmo na China comunista na época de Mao Tse Tung até hoje – mesmo com todo orgulho da herança nacional – a imagem da lente fotográfica ocidental é a mídia dominante, não a pintura chinesa tradicional altamente desenvolvida e muita valiosa artisticamente que não usava a nossa tridimensionalidade perspetívica (a bíblia de Mao era mais reconhecida pela sua cor vermelha, quase ninguém a leu realmente ...). 

Mas também na nossa cultura ocidental de hoje isto se aplica da mesma forma: Na área comercial imagens oticamente perfeitas servem como provas da verdade e qualidade.

Mesmo na área científica popular se trabalha com estes meios.

Também nosso antigo presidente Lula no Brasil era muito interessado durante seu mandato de introduzir o novo sistema digital de televisão de padrão japonês para todos os brasileiros de graça, para que realmente todos possam tornar-se felizes até nas regiões mais afastadas na Amazônia e nas áreas mais pobres das favelas por exemplo no “Morro do Alemão” no Rio de Janeiro. Os pobres são simplesmente mais numerosos de que os ricos...  

Por isso o último aspecto da “transformação contra a determinada lógica da imagem de lente da fotografia” é muito importante para mim nos meus quadros, também para que a tradução da tridimensionalidade da realidade em um médium de duas dimensões fica percebido, desmantelando a confusão entre médium e realidade.

Um tema antigo, mas ainda atual, principalmente agora de novo na nossa era digital. 

Arte inovadora está sempre lá, onde ninguém está a esperando, lá onde ninguém pensa nela ou chama o seu nome. Ela odeia quando é percebida e cumprimentada pelo seu nome. Ela sai “voada”. Ela é como uma pessoa que ama passionalmente o incógnito. Uma vez descoberta, alguém apontando com dedo nela, ela foge. Ela não aparenta, acontece que muitos se enganam.(*

É difícil nadar “contra a maré” e usar a nova tecnologia.

A magnetização pelo costume causa uma pressão muito forte. Os padrões de sempre e por isso acostumados tem um efeito tão deglutinante que é difícil encontrar alguém resistir a sua sedução. Uma certa forma de “loucura” ajuda nesta resistência.  

Nova tecnologia nas artes como meio de conscientização, não para admiração ingênua da perfeição técnica.  

de Wolfgang Hock

 

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